sexta-feira, 31 de julho de 2009

O lado B da educação no Brasil




Caro leitor,

direto ao ponto, é com idignação que lhe escrevo este texto. Na verdade, um desabafo de um professor da rede oficial quando nota a fragilidade do nosso sistema educacional brasileiro ao ler a notícia que o governo da Bahia distribuiu material "didático" contendo palavrão. Imediatamente lembrei do caso do nosso governo estadual de São Paulo quando distribuíraam o material de geografia com os "dois Paraguais" no mapa da América do Sul para os alunos no incio deste ano.


Fui investigar a tal notícia e descobri várias coisas por trás disso. A primeira é a de que o governo culpou a funcionária terceirizada pelo erro na diagramação da publicação. Isso por sí só merece uma reflexão mais aprofundada. Na história da filosofia por exemplo, temos o célebre "Julgamento de Sócrates", aonde a ignorância dos outros para sempre o condenará, restando apenas saber quem de fato cumprirá a pena. Já que o governo decidiu em nota oficial tercerizar as suas responsabilidades morais a uma única diagramadora, o que ela pode dizer em sua defesa? Que está assumindo a culpa por ter feito uma busca no google e achado a tirinha "legal" para uma revista destinada aos professores? Governo este que a contratou para fazer apenas o trabalho de diagramação ou que a incumbiu também da parte de elaboração deste material? -Que por sinal, os direitos autorais pertencem ao próprio estado!- Poderia ela alegar que se está na internet, logo, é de domínio público, ou seja, nada fez de errado por ser simplesmente responsável pela diagramação, e que esta não foi questionada. Enfim, de qualquer forma a culpa é dela, pois se o Estado, ou seja, o que pertence ao povo, já a condenou, lhe resta apenas a arcar com as consequências de um sistema educacional que não lhe deu a oportunidade de aprender a ter os juízos devidos ao selecionar a tal tira, nem de julgá-la inapropriada para servir como material didático; tão pouco lhe reservou a aprender a saber o significado de ética, que não a impediu de verificar os proprietarios dos direitos autorais antes de simplesmente copiá-la e colá-la. Poderia ela então também terceirizar a responsabilidade moral para o Estado por não ter tido uma formação intectual adequada quando ela era uma estudante!?


Nessa semana já havia lido (clique nos links para mais detalhes) também sobre o trabalho do Instituto Ayrton Senna, que retratou num estudo a nossa defasagem de "apenas" 247 anos em relação ao nível educacional dos sistemas educacionais dos países mais desenvolvidos. O que nos faz compreender isso está em inúmeros exemplos, só os divulgados nessa semana , como o porquê de uma escola da região metropolitana de Curitiba ter sido invadida nessas férias de inverno nada menos que 18 vezes pelos alunos para promover algazarras e vandalismo; bem como o porquê dos professores da rede oficial de Alagoas estarem em estado de greve quase permanente pra receber um pouco mais que um salário mínimo e ainda ter escola que não começou o ano de 2008, é isso mesmo, o ano letivo do ano passado! Talvez meu tatatataraneto estude numa escola pública sem precisar ser na Finlândia!


Obviamente nossa educação não se resume apenas a isso, veja um exemplo do potencial do estudante brasileiro na 50ª olimpíada internacional de matemática realizada no último mês de julho clicando na foto abaixo. Todos esses exemplos me faz pensar no final que vivemos de fato numa sociedade profundamente desigual, e uma vez dentro do sistema, posso vivênciar o quanto de poeira há por debaixo do tapete. Felizmente tive uma formação acadêmica e intectual ainda que digna, pois pude frequentar escolas particulares na maior parte do ensino básico para poder cursar numa universidade pública que ainda resiste a essa deterioração, mas que por ser do estado também "terceiriza" as suas responsabilidades na formação de professores. Todos esses fatores refletem no desinteresse e desprezo pela carreira de professor por parte dos universitários hoje. No entatnto, foi a minha experiência como estudante de escola pública durante o ensino médio no final da década de 90 que me fez enxergar a minha futura carreira de professor: Que aliás, num passado já meio distante possuira o mesmo status social das carreiras de médico, de advogado ou de engenheiro, mas que atualmente recebe a alcunha de "bico" ou de ocupação ocasional, secundária, ou qualquer desses termos para dizer na verdade, informal.





Ou seja, voltando ao caso do Chico Bento baiano entendi que na tira alterada do original (que está retratada lá em cima com seus devidos créditos) quando o menino rico diz o que é pelo que tens, nosso "'caipira" apenas mostrou ser pelo que ele é, ou seja, sem educação! Certamente o menino rico não seria herdeiro de cabeças de gado se sustentando como professor, ou seja, como Chico Bento:


-tâmo tudo na roça!-



Mister Ale

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