sábado, 30 de maio de 2009

Opinião: programa Globo Ciência - 24/05/2009


Caros leitores,


como geógrafo e inspirado talvez pela comemoração de nossa data celebrada ontem, decidi finalmente assistir ao programa do canal Futura, Globo Ciência, citada nesse post aqui, e presto-lhes a seguinte crítica abaixo sobre a edição XX dedicada ao Doutor Emérito em Geografia, Milton Santos:


A começar pelo trabalho do reporter Alexandre Henderson, que se encaixa num perfil etnico-social semelhante ao descrito pelo geógrafo no que ele chama de "mundo possível", aonde as camadas populares ascenderão-se aos postos de novos comandantes de uma nova sociedade, obviamente menos desigual e mais justa. Pelo profissionalismo da equipe de ter procurado estudar a obra do mestre para traduzir da mera linguagem academicista sobre esse grande intelectual oriundo do povo, em algo que possa ser debatido pelo público comum, já faz jus a sua escolha pelo tema abordado, justamente nesta semana aonde comemoramos o dia da nossa profissão de geógrafo, parabéns pela reportagem!

O início com a entrevista com a sua viúva, Marie Hlélène foi um belo abre-alas do programa, já que ela lhe foi um alicerce familiar pela fase adulta de sua vida o amadureceu intelectualmente e o fez escrever suas célebres obras citadas posteriormente pela profa. Maria Auxiliadora da Silva, uma de suas pupilas, com quem desenvolveu uma relação paternal que a verteu em lágrimas. Esse enfoque mais íntimo e biográfico serviu como uma criação de empatia com o telespectador, ao passo que pelo mesmo ter nascido numa sociedade ainda em formação com um histórico ainda recente aonde seres humanos escravizavam outros seres humanos por questões étnico/racialistas, e no contexto sócio-geográfico de extrema pobreza material do seu local de nascimento, até hoje discriminadas pela nossa sociedade como apenas "atraso, sertão, seca, miséria, doença, morte" dentre outros adjetivos que nos remetem à barbárie da civilização.

Video de reportagem do portal Uol sobre a remoção de favela em área nobre de São Paulo.

E com esta postura de desvendar o que seria tal barbárie em tempos de crise- econômica-global-e-recessão-sem-precedentes é a de notar os contrastes na paisagem urbana, aonde casebres de alvenaria amontados uns sobre os outros com espaços entrecortados por becos e vielas se misturam à arranha-ceus dignos da tal sociedade civilizada, apregoada pela ideologia dominante como "ideal, bem-sucedida, rica e próspera" num mundo descrito em sua realidade como introdução mostrada no video do depoimento do professor Fábio Cordel, que aliás, diga-se de passagem, uma bela reflexão nos trouxe a respeito da exclusão que a sociedade reproduz ao distinguir ao telespectador o que é o público e o que é privado; e realçado pela profa. Maria Adélia, uma velha colega de trabalho que ajudou-o a readiquirir aqui em nosso país, sua dignidade e reconhecimento público ao recebê-lo como pesquisador da maior universidade da América Latina, a USP, um pensador que voltara do exílio. E que também nos traz de volta sobre o carisma do intelectual, reconhecidamente lembrando pelo programa como vencedor do maior prêmio dado a ciência geográfica, Vautrin Lud, ao indagar o papel do intelectual no mundo atual: de ter reconhecido o direito como cientísta de exercer um papel de militância como divulgador de idéias por meios amplos de comunicação, e assim notar a sua capacidade de inteligência como a de um visionário com muitos anos à frente de seu tempo.

Mesmo já falecido há 8 anos, suas idéias nunca foram tão coerentes com a realidade que nos atemoriza, e no ideário de futuro sombril divagado pelos meios de comunicação. E é no espaço geográfico em que se vêem todas as disputas no final, assim o espaço se torna o principal objeto de disputa de uma população exorbitantemente crescente em nossa história contemporânea e ávida por recursos naturais a cada dia mais escassos, numa cultura globalizada de escassez intelectual que menospreza os seus circuítos inferiores e os vê como "miséria, violência, escória e pobreza", ao passo que a produção intelectual é oferecida pela iniciativa privada como uma salvação para a reposição do mercado de trabalho e estão evidentemente concentrados nas mãos de poucos que controlam e a mercantilizam como verdadiras linhas de montagem humanas, projetados apenas para aceitar a cultura dominante do consumo, evidenciando que a tal globalização divagada na mídia, deveria ser renomeada como globalitarismo.
Uma pena o programa ser curto demais para devagar as idéias traduzidas em dezenas de livros publicados e outras centenas de publicações que geraram eco nos quatro cantos do planeta, e se lastimar que podemos ver na prática, o que a grande midia de massa reserva ao "nicho" de telespectadores desse programa, um canal "aberto" com traços de audiência e uma única exibição no seu canal global, ou como no jargão tecnocrata, prime, reserva-lhe o espaço mais marginalizado na sua grade de programação e, mesmo diante de sua imensa biblioteca de vídeos online, sequer nos oferece um resumo do programa para poder ser divulgado ao público amplo, definidos pelo mestre como redes sociais amplas e invisíveis ao poder dominante. De qualquer forma, quem sou eu para brigar com tão modestos números de audiência? Contente-se com o seu nicho de mercado, afinal isso não traz anunciante e nem gera audiência! Diria o meu alter ego diabinho. Porém prefiro pensar pelo lado positivo e guardar a última frase citada no programa, de felicíssíma escolha porparte da produção - "é preciso ter humildade para enxergar e conviver com a realidade para assim ter a coragem de um dia saber como enfrentá-las"

Cena do Filme "Quem quer ser um milionário?" do diretor inglês Danny Boyle, aonde crianças de uma favela da periferia de Mumbai, na Índia, fazem o papel de sí mesmas como produtos da fábrica de fábulas para uma massa fetichizada pelos seus clichês e padronizações culturais. Enquanto o filme era laureado com 5 Oscar pela academia, e seus protagonistas-mirins acima serem recebidos em festa de gala, seus famíliares os viam pela tv ao vivo dentro dos mesmos casebres da maior favela asiática, Dharavi, que emprestara o cenário para a película, e cuja indpustria os devolvera depois sem nenhuma compensação financeira de sua parte. Apenas após protestos públicos por parte de seu público consumidor, ou seja, de pessoas ditas do mundo civilizado, é que o diretor anunciou, -embaraçosamente em público-, diga-se de passagem, que iria doar casas novas em outro local para as famílias desses pequenos atores da vida real. Atores esses que se reinventam todos os dias em sua vda cotidiana ao criarem as condições materiais para poder sobreviver num mundo que apenas os enxerga aprioristicamente por meio do simples entreterimento barato; porém, uma vez a se deixar conviver com a verdadeira cultura de massa, aquela dos tais circuitos sociais inferiores, perceberemos que na prática, eles exercem de fato os papéis de protagonistas da verdadeira e real sociedade humana.



Mister Ale

PS: TODOS OS DIREITOS RESERVADOS AO AUTOR - SALVO CITAÇÕES FEITAS PELA GRANDE MÍDIA. JÁ PARA O LEITOR DESTE BLOG, DIVULGUE-O A VONTADE

29 de maio - Dia do Geógrafo!


Caríssimos acompanhantes deste blog,

ontem foi o dia nacional do geógrafo! Profissional que tem a sua importância para a sociedade, pois está a servir seja nas salas de aula como professor, seja no governo como planejador ou seja no meio do mato, desvendando segredos do nosso mundo com seus mapas sempre à tiracolo.
Como geógrafo, tenho muito orgulho da minha profissão e a realizo com a mesma paixão de quando descobri os primeiros mapas e os lugares interessantes no nosso lar, o planeta Terra, na minha remota infância, e que me exerce fascinação até hoje!
A palavra geografia foi pela primeira vez usada nos idos do séc. III a. C. pelo matemático e astrônomo grego Eratóstenes, que ao calcular a distância entre as cidades de Assuã e Alexandria, no Egito, descobriu a esfericidade da Terra por meio do ângulo que se formava na sombra de estacas quando o sol se projetava no céu. Chamou o "estudo da Terra" de geografia (que vem do grego Geo = Planeta Terra e Graphen = Escrita).


Mapa medieval do séc XII, mostra os continentes conhecidos até então, a Europa, a Ásia e a África feito pela Igreja católica.

Já a geografia moderna que é estudada e pesquisada atualmente remonta de meados do séc. XIX, aonde houve um grande desenvolvimento teórico junto as ciências naturais, tais como a Biologia, a Física, a Geologia (não confundir com a Geografia, pois a Geologia estuda as relações dos objetos naturais na história da Terra), dentre outras. Porém ao contrário dessas ciências, que estudavam essencialmente as relações da natureza e desprezavam a espécie humana como parte dessas relações (ver o meu post anterior sobre a Mata Atlântica), a geografia se preocupava em estabelecer as relações do homem com o espaço geográfico, ou seja, o homem, como parte da natureza, poderia interferir nela até que ponto? Qual é o impacto das ações humanas no espaço geográfico na história de nossa sociedade? Essas são algumas perguntas que até hoje nos perguntamos e que partem pesquisas mundo afora.

Também aproveito o espaço para fazer uma pequena homenagem ao maior geógrafo brasileiro ainda vivo, o prof. Dr. Aziz Ab´Saber, na qual tive o prazer de tirar essa foto acima, e que contribuiu imensamense para conhecermos um pouco mais sobre nosso igualmente imenso território brasileiro com seus estudos sobre o relevo e geomorfologia. E que emprega com muita satisfação, a bandeira da geografia brasileira não apenas como ciência, mas como um campo de estudo mais amplo, na qual cada um de nós é protagonista de sua história.

"A geografia nada mais é do que a descoberta diária do mundo em que vivemos, com suas qualidades e defeitos; porém para se entendê-la, é necessário que nos localizemos diante do desconhecido" Mister Ale (1981-)

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Hoje é dia da nossa Mata Atlântica


Saudações a todos,

hoje, 27 de maio, é o dia nacional da Mata Atlântica! Ela é o nosso 2º maior bioma* embora represente hoje apenas 7% da sua área original no território brasileiro (ver mapa).


Qual é a importância da Mata Atlântica para nós?

Desde as primeiras explorações ainda na época de Cabral, no séc. XVI, a mata atlântica representou a primeira fonte de exploração econômica por parte da coroa portuguesa com a extração do Pau Brasil (a esquerda) por conta da cor avermelhada de sua seiva, que era utilizada na tintura de tecidos e deu nome ao nosso país. Ao longo de uma intensa devastação, seja para ocupação humana, ja que hoje 70% da população ou 130 milhões de brasileiros habitam áreas antigamente ocupadas por ela, ou para exploração econômica , temos que lembrar que além de possuir o maior diversidade de espécies de animais (cerca de 1,6 milhão)e representar sozinha cerca de 15% das espécies de fauna e flora no mundo, precisamos dela para proteger e preservar nossos recursos hídricos para termos água potável em nossas torneiras no futuro com a preservação dos rios que nascem nela e que compõem os nossos mananciais (abaxo a represa Guarapiranga, que abastece a cidade de São Paulo).


Como preservar a nossa mata?

Apesar do crescimento populacional ao longo dos tempos, o que pressiona a expansão das cidades e a ocupação da floresta, podemos ajudar a preservar a mata e a reduzir os danos que causamos com hábitos simples tais como:

- Reduzir a produção de lixo e estimular a reciclagem para evitar que mais recursos naturais e da floresta sejam explorados.

- Evitar de jogar lixo nas vias públicas e repreender quem o faz, já que polui as águas e mata os animais que se contaminam com a poluíção.

- Comprar produtos legalizados e licenciados pelo governo, já além de gerar impostos que movimentam a economia, evita que os produtos da floresta sejam explorados sem controle, como aquele palmito "caseiro" que se vende de porta-em-porta e em pequenos comércios ou alguns tipos de madeira para construção que não possuem certificação ambiental.

- Reduzir o consumo de água e energia, com a população crescendo e ocupando o lugar das matas naturais, os recursos naturais necessários para a nossa vida proporcionalmente diminuem, logo, para que todos usufruam desses recursos no futuro é necessário que se diminua o consumo para que haja recursos para toda a população.

- Investir em educação como prioridade zero, pois somente assim nossas gerações futuras compreenderão que todos nós fazemos parte da natureza, e não como uma parte separada dela, já que somente assim garantiremos um mundo melhor e menos poluído como é hoje.

Obra do trecho sul do Rodoanel, que ocupa uma faixa de mata atlântica devido a expansão urbana da Grande São Paulo (imagem aérea de nov/2008).

Então fica aqui a mensagem:

Preservemos já!

Mico Leão Dourado: Espécie de macaco raro encontrado apenas na Mata Atlântica ao entorno da cidade do Rio de Janeiro e da região da Baixada Fluminense, em risco de extinção devido a devastação e destruíção do seu lar.


*Bioma é um termo científico do ramo da Ecologia e segundo o dicionário Aurélio significa "comunidade importante que se extende sob uma grande área geográfica e caracterizada por uma vegetação dominante".

ps: maiores informações podem ser pesquisadas no site http://www.sosmataatlantica.org.br/

Mister Ale

sábado, 23 de maio de 2009

Filme: O mundo global visto do lado de cá


Dirigido pelo documentarista carioca Silvio Tendler, apresenta uma perspectiva sobre o nosso mundo atual. Se interessou??? Leia o texto no post anterior...



ps: Esse filme será passado oara a turma do 3ºE assim que este professor retornar de sua licença médica!

Texto - A atual crise num olhar do passado


Caros acompanhantes do blog,

segue abaixo um texto do geógrafo e prof. Milton Santos (1926 - 2001) escrito para o jornal Folha de São Paulo há quase 10 anos atrás sobre a crise mundial de... hoje!

ps: Para quem desejar conhecer um pouco mais sobre o mestre, assista amanhã, domingo (24), um especial sobre ele que passará na tv no programa "Globo Ciência" a ser exibido de forma inédita no canal Futura (na Net é o canal 32), as 14 horas. Reprises às terças (04:45 e 22:30), sextas (16:00) e sábados (21:30); a TV globo exibe o programa aos sábados (06:30).


(26/9/1999)

A normalidade da crise: MILTON SANTOS

A história do capitalismo pode ser dividida em períodos, pedaços de tempo marcados por uma certa coerência entre as suas variáveis significativas, que evoluem diferentemente, mas dentro de um sistema. Um período sucede a outro, mas não podemos esquecer que os períodos são, também, antecedidos e sucedidos por crises, isto é, momentos em que a ordem estabelecida entre as variáveis, mediante uma organização, é comprometida. Torna-se impossível harmonizá-las quando uma dessas variáveis ganha expressão maior e introduz um princípio de desordem.Essa foi a evolução comum a toda a história do capitalismo, até recentemente. O período atual escapa a essa característica porque ele é, ao mesmo tempo, um período e uma crise, isto é, a presente fração do tempo histórico constitui uma verdadeira superposição entre período e crise, revelando características de ambas essas situações.Como período e como crise, a época atual mostra-se, aliás, como coisa nova. Como período, as suas variáveis características instalam-se em toda a parte e tudo influenciam, direta ou indiretamente. Daí a denominação de globalização. Como crise, as mesmas variáveis construtoras do sistema estão continuamente chocando-se e exigindo novas definições e novos arranjos. Trata-se, porém, de uma crise persistente dentro de um período com características duradouras, mesmo se novos contornos aparecem.Este período e esta crise são diferentes daqueles do passado, porque os dados motores e os respectivos suportes, que constituem fatores de mudança, não se instalam gradativamente como antes, nem tampouco são o privilégio de alguns continentes e países, como outrora. Tais fatores dão-se concomitantemente e se realizam com muita força em toda parte.Defrontamo-nos, agora, com uma subdivisão extrema do tempo empírico, cuja documentação tornou-se possível por meio das técnicas contemporâneas. O computador é o instrumento de medida e, ao mesmo tempo, o controlador do uso do tempo. Essa multiplicação do tempo é, na verdade, potencial, porque, de fato, cada ator - pessoa, empresa, instituição, lugar- utiliza diferentemente tais possibilidades e realiza diferentemente a velocidade do mundo. Por outro lado, e graças sobretudo aos progressos das técnicas da informática, os fatores hegemônicos de mudança contagiam os demais, ainda que a presteza e o alcance desse contágio sejam diferentes segundo as empresas, os grupos sociais, as pessoas, os lugares. Por meio do dinheiro, o contágio das lógicas redutoras, típicas do processo de globalização, leva a toda parte um nexo contábil que avassala tudo. Os fatores de mudança acima enumerados são, pela mão dos atores hegemônicos, incontroláveis, cegos, egoisticamente contraditórios.O processo da crise é permanente, o que temos são crises sucessivas. Na verdade, trata-se de uma crise global, cuja evidência tanto se faz por meio de fenômenos globais como de manifestações particulares, neste ou naquele país, neste ou naquele momento, mas para produzir o novo estágio de crise. Nada é duradouro.Então, neste período histórico, a crise é estrutural. Por isso, quando se buscam soluções, o resultado é a geração de mais crise. O que é considerado como solução parte do exclusivo interesse dos atores hegemônicos, tendendo a participar de sua própria natureza e de suas próprias características.Tirania do dinheiro e tirania da informação são os pilares da produção da história atual do capitalismo globalizado. Sem o controle dos espíritos seria impossível a regulação pelas finanças. Daí o papel avassalador do sistema financeiro e a permissividade do comportamento dos atores hegemônicos, que agem sem contrapartida, levando ao aprofundamento da situação, isto é, da crise.A associação entre a tirania do dinheiro e a tirania da informação conduz, desse modo, à aceleração dos processos hegemônicos, legitimados pelo "pensamento único", enquanto os demais processos acabam por ser deglutidos ou se adaptam passiva ou ativamente, tornando-se hegemonizados. Em outras palavras, os processos não hegemônicos tendem ou a desaparecer fisicamente, ou a permanecer, mas de forma subordinada, exceto em algumas áreas da vida social e em certas frações do território onde podem manter-se relativamente autônomos, isto é, capazes de uma reprodução própria. Mas tal situação é sempre precária, seja porque os resultados localmente obtidos são menores, seja porque os respectivos agentes são permanentemente ameaçados pela concorrência das atividades mais poderosas.No período histórico atual, o estrutural (dito dinâmico) é, também, crítico. Isso se deve, entre outras razões, ao fato de que a era presente se caracteriza pelo uso extremado de técnicas e de normas. O uso extremado das técnicas e a proeminência do pensamento técnico conduzem à necessidade obsessiva de normas. Essa pletora normativa é indispensável à eficácia da ação. Como, porém, as atividades hegemônicas tendem a uma centralização, consecutiva à concentração da economia, aumenta a flexibilidade dos comportamentos, acarretando um mal-estar no corpo social.A isso se acrescente o fato de que, graças ao casamento entre as técnicas normativas e a normalização técnica e política da ação correspondente, a própria política acaba por instalar-se em todos os interstícios do corpo social, seja como necessidade para o exercício das ações dominantes, seja como reação a essas mesmas ações. Mas não é propriamente de política que se trata, mas de simples acúmulo de normatizações particularistas, conduzidas por atores privados que ignoram o interesse social ou que o tratam de modo residual. É outra a razão por que a situação normal é de crise, ainda que os famosos equilíbrios macroeconômicos se instalem.O mesmo sistema ideológico que justifica o processo de globalização, ajudando a considerá-lo como o único caminho histórico, acaba, também, por impor uma certa visão da crise e a aceitação dos remédios sugeridos. Em virtude disso, todos os países, lugares e pessoas passam a se comportar, isto é, a organizar sua ação, como se tal "crise" fosse a mesma para todos e como se a receita para afastá-la devesse ser geralmente a mesma. Mas a única crise que se deseja afastar é a crise financeira, não qualquer outra. Aí está, na verdade, uma causa para maior aprofundamento da crise real -econômica, social, política, moral- que caracteriza o nosso tempo.

Alguma dúvida que este texto foi uma previsão dos fatos que acontecem hoje?

Abraços do Mister

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Frase da semana!



Imagem: Abismo de Tiamat, como representação da mitologia da civilização Babilônica do séc. IX a. C. - Autoria desconhecida


"O grande problema de olharmos sem cautela para o abismo é que pode ser que o abismo esteja justamente olhando para nós". Maurício Waldman, geógrafo e antropólogo (1955-)

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Mandela Day!


Caros leitores,

ontem, 14 de maio, em meio a celebridades de Hollywood tais como Sharon Stone, Forrest Whitaker,Clint Eastwood, dentre outros, foi lançado os preparativos para o Mandela Day (Dia de Mandela) em Los Angeles, nos EUA. Isso significa uma homenagem ao líder político e combatente do Apartheid na África do Sul, Nelson Mandela (foto). Para quem não sabe, Apartheid foi uma política de estado adotada no século XX, aonde a segregação racial era oficial, bem como os direitos civis eram diferenciados entre a minoria branca e a maioria negra naquele país e só foi abolida em 1990, depois que Mandela foi solto após passar 27 anos na prisão como preso político deste regime. Após a abolição do Apartheid, Mandela recebeu em 1993 o premio Nobel da paz e, em 1994 foi eleito democraticamente como presidente da África do Sul. Apesar dos seus 90 anos completados em 18 de julho passado, ainda é um líder respeitado no mundo inteiro e uma referência no combate aos direitos humanos. Abaixo, um clipe de música do grupo de rock escocês Simple Minds feito quando Mandela ainda se encontrava preso chamado de "Mandela Day".



Saiba mais sobre o Mandela Day pelo site: http://mandeladay.com/ (em inglês)

Abraços do Mister