quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Uma gota de sangue: A questão racial no Brasil e no mundo


Caros acompanhantes deste espaço,

ps: todos as palavras grifadas em azul redirecionam para links de interesse.

hoje estou a escrever inspirado pelo grande geógrafo, professor e ilustríssimo autor do livro "Uma gota de Sangue: História do pensamento racial" Demetrio Magnoli, cuja entrevista no Programa do Jô acabara de assistir nesta madrugada de terça para quarta.

Um dos pilares de sua obra tem por base a teoria do racismo científico, desenvolvido em meados do século XIX por pensadores europeus num contexto geopolítico onde as grandes potências do mundo ampliavam as suas esferas de poder com a colonização de vastos espaços na África e na Ásia, como forma de subjulgamento dos povos colonizados, tidos como inaptos ou incapazes de compreender o modo civilizatório do colonizador, o que justificou a invasão, o genocídio e assassinato de populações inteiras nesses lugares até então.

Como tudo isso começou?

Lembremos que para que hoje tenhamos computadores, celulares, carros e gadgets afins foi necessário um 'start', ou seja, o que a história chama de revolução industrial originada também no continente europeu no final do séc XVIII. Até então o que se entendia por civilização era a ocupação do espaço de produção voltada à agricultura e pecuária destinada a uma determinada comunidade local ou uma sesmaria (que era o espaço geográfico sob jurisdição paroquial, administrado pela Igreja). A distribuíção de alimentos e suprimentos eram localizadas e as trocas com o mundo exterior se limitavam apenas a suprir os produtos que não podiam ser produzidos ali por conta de sua condição natural, simples assim. Entretanto, em dado momento histórico, para que as elites urbanas burguesas de cada localidade justificassem o seu status social, geraram uma demanda potencial de consumo, e essas trocas que até então eram meramente mercantis, ou seja, de produção artesanal ou em pequena escala, portanto não produzidos em quantidade suficiente para satisfazer essa mesma demanda. Passaram então a patrocinar unidades de produção fabris em seus próprios territórios, e com a produção em série e em grande escala, a economia desses lugares se ampliou e se dinamizou ao ponto dos estados nacionais europeus pioneiros na implementação desse sistema eonômico/financeiro, a consolidarem o seu desenvolvimento político e econômico e assim, passaram a exportar um modelo civilizatório. A Inglaterra, de onde essa revolução industrial se institucionalizou com mais força, tomou a dianteira como principal potência mundial do século XIX, e sua elite intelectual defendia que o homem comum, idependentemente de sua nacionalidade, deveria estar ligado a uma lógica de trabalho pago assalariado para poder comprar os ítens que bem necessitasse para sí e para a sua família, ou seja, sua cidadania estaria essencialmente vinculada ao consumo dos bens produzidos pela indústria. E essas unidades de produção fabris poderiam assim receber os gêneros produzidos no campo e as matérias-primas para beneficiá-los e transformá-los em novos produtos prontos para o consumo com uma demanda potencial cada vez maior, inclusive ao se criar novos mercados em outros países, que comprariam a produção excedente por meio de importações, e assim, o dinheiro advindo desse sistema permitiu um desenvolvimento tecnológico e científico sem precedentes na história e as instituíções jurídicas e governamentais desses países, em paralelo ajudaram a consolidar esse modelo.

Então o capitalismo ajudou a extinguir a escravidão, certo?

Por um lado, houve um intenso movimento nos países do continente americano incentivados pelos antigos colonizadores europeus para a substituíção da mão-de-obra escrava para o trabalho assalariado, o que revelou-se um sucesso nos anos subsequentes. Porém, o que fazer com a horda de pobres camponeses que não precisavam mais se submeter aos seus antigos feitores? Daí o discurso racismo científico entra na história, já que nesses países americanos o trabalhor escravo camponês tinha a pele negra e a sua origem era africana. Enquanto na Europa, os pobres camponeses, que não eram negros e sim europeus de cor branca, eram absorvidos como mão-de-obra para a indústria. Já por essas bandas, onde negros, brancos e índios dividiam no mesmo espaço geográfico, foi criada uma solução pólítica e institucional para que a ordem vigente fosse mantida, ou seja, para que industrialização fosse implementada nesses novos espaços determinou-se que as diferentes "raças" fossem classificadas pelo estado de modo a garantir que as elites econômicas das sociedades locais mantivessem o seu poder, diga-se de passagem filhos e herdeiros dos colonizadores europeus, de modo a provar 'científiamente' que estes eram mais capazes e inteligentes de modo a garantir que esse modo de civilização se mantivesse a fim de desenvolver a nação como um todo, e o papel do estado, também controlado majoritariamente pelas elites econômicas e intelectuais de cidadãos de cor branca, serviria para uma vez identificado os diferentes grupos raciais, desenvolver os mecanismos para educar, corrigir e controlar as populações desses diferentes grupos a voltarem-se para um progresso social igualitário e homogeneo da população. Que discurso bonito, não é? Isso funcionou muito bem nos EUA do início do século XX, onde o desenvolvimento indústrial controlado pela elite branca permitiu receber a mão-de-obra de qualquer outro grupo racial que fosse, já que o estado faria esse papel de corrigir a diferença existente entre as então 'raças'. Lá também houve escravidão no seu período de colonização, e a população de origem afro-americana representava nessa época o maior desses grupos, o que motivou a serem criados espaços e serviços públicos destinados exclusivamente a essa fatia da população, separados dos brancos.

Mas como era possível classificar esses grupos raciais se naquela época não tinha exame de DNA para comprovar a sua cor?

Simples, nos EUA e nos países europeus a sua linhagem era determinada pela investigação de sua árvore genealógica, ou seja, para ser classificado como 'negro' bastasse que algum antepassado também o fosse, mesmo que muito distante, como um bisavô ou um tataravô que fosse africano e escravo, o que foi chamado de política de 'uma gota de sangue' e que dá nome ao livro citado. Algumas décadas depois, esse critério foi utilizado pela Alemanha Nazista para segregar os judeus dos ditos 'arianos' superiores como justificativa ao Holocausto.

O lado B dessa história, é que com a implementação dessa racialização da espécie humana, em paralelo com a necessidade de ocupação de novos espaços devido ao crescente desenvolvimento econômico das nações industrializadas para garantir novas fontes de matéria-prima e de riquezas naturais para financiar a produção industrial, promoveu-se uma corrida desenfreada para ocupar esses espaços, e assim houve um novo movimento de colonização territorial. E como não eram espaços vazios, haviam populações que viviam de modo tradicional (como vemos aqui por exemplo nas reservas indígenas hoje), usaram as teorias racistas para subjulgaram essas pessoas como culturalente inaptas para que pudessem simplesmente invadir e roubar o seu espaço e, como nesses lugares não havia um estado ou instituíções que os apartasse até então, essas pessoas eram sumariamente eliminadas ou eram forçadas a mudarem completamente o seu modo de vida, sua cultura e seus costumes com uma arma de fogo apontadas para sí, sob a justifiativa de estar promovendo a sua 'civilização'; equivalentes a animais selvagens que devem ser domados e adestrados ao gosto do dominador. Os maiores exemplos disso foram a 'corrida para o Oeste' nos EUA durante o séc. XIX, que dizimaram mais de 90% da população de origem indígena local, e o regime de Apartheid na África do Sul, que durou mais de 40 anos e terminou apenas em 1990, com a segregação geográfica e social entre os grupos de negros e brancos como doutrina oficial de estado, onde a maioria da população negra daquele país fora confinada em bantusões e guetos (unidades territoriais fechadas destinadas a esse segmento da população), largadas à sua propria sorte, a pobreza, a miséria absoluta e a fome; enquanto a elite minoritária branca ocupava a maior parte dos territórios com espaços produtivos e de fontes de recursos naturais para garantir o seu modo de vida baseado nos padrões da sociedade moderna contemporânea.

E por que aqui essa política de racialização da população brasileira não pegou?

Segundo o professor Magnoli, nesse periodo já havia uma grande miscigenação e as tentativas de 'branqueamento' de nossa população com o amplo incentivo do estado por meio da imigração de mão-de-obra excedente de origem européia e branca para fins de colonização, se mostraram inócuas ao passo que as políticas segregacionistas esbarravam na dificuldade de um enquadramento em uma única raça a nossa então elite local, já que era comum que um negro escravo cativo, por exemplo, adotasse o nome da família do seu dono, mesmo depois de liberto ou alforriado, bem como o de seus descendentes. Além disso, os filhos ditos 'bastardos' do colonizador, mestiços por definição, também eram incorporados à família do mesmo. Lembremos que o maior escritor da história da literatura brasileira, e que viveu justamente nessa época, Machado de Assis (vide foto), era mulato! Ainda assim, os defensores da idéia da classificação por raças e da promoção de um movimento de eugenização de nossa população esbarraram nas ideários dos médicos sanitaristas que viveram nesse período, tais como Haddock Lobo e Oswaldo Cruz, que fizeram um papel 'revolucionário' ao defenderem a tese e provarem que não era um determinado segmento dito 'racial' que era responsável por transmitir as moléstias que aflingiam a população, e sim os mosquitos!!! Ora, o que parece hoje óbvio para a gente, naquela época era uma descoberta extraordinária, já que acreditavam os eugenistas que por serem impuros, os mestiços, pardos, caboclos e mamelucos estariam aptos a desenvolverem moléstias por incorporarem defeitos genéticos provenientes dessas misturas de raças e seriam perigosos, pois eram vetores potenciais à contaminarem todo o restante da população.

Se estamos aqui hoje, em pleno século XXI, a re-discutir o passado, será que hoje essa política de raças ainda pega?

Segundo o professor Magnoli, e eu também compartilho da mesma opinião, as mesmas bases que no passado criaram um discurso ideológico com embasamento científico, com o objetivo de organizar os povos e agrupamentos humanos em raças em nome de um pretenso desenvolvimento social, hoje se promove o ideário do multiculturalismo, ou seja, já que 'raça' caiu em desuso hoje e é um termo politicamente incorreto, classifiquemos a população em grupos étnicos e culturais, ou seja, vamos dar um rótulo a aquele baiano que gosta de acarajé e ouve axé; ou aquele gaúcho que veste bombacha e toma chimarrão; ou para aquele carioca da gema, malandro por natureza, que de dia vive na praia e de noite cai na boemia; ou o paulistano estressado e viciado em trabalho, dos gays e lésbicas, dos evangélicos e por aí vai. Digamos que nosso governo resolva identificar e classificar todos os brasileiros de modo a enquadrá-los nesses grupos como políticas de ação afirmativa com a finalidade de garantir a todos esse grupos determinadas 'cotas' voltadas ao acesso aos bens e serviços de utilidade pública, tais como hospitais, escolas, universidade, etc.; nos moldes das polêmicas políticas de cotas existentes para o ingresso de pretos e pardos no ensino superior público. O discurso objetivo já viria pronto como citei alguns parágrafos antes, que é o de garantir o bem-estar a todos, com as partiularidades que cada grupo demanda e a correção das devidas distorções e injustiças históricas. Porém pense comigo, isso daria certo? Será que amanhã ao ver seu filho perder uma vaga na universidade para um 'cotista' de desempenho inferior no vestibular como nos exemplos que citei seria moralmente justo? E se fosse o contrário e seu filho fosse o beneficiado, será que não geraria no mínimo inveja por parte dos grupos do outro excluído pela cota? E se eu, paulistano me casasse com uma mineira ou uma baiana, o meu filho entraria em qual classe ou cota??? O grande problema de quem defende essa tese, é que ao dividirmos em grupos as pessoas, engessamos e desconsideramos a miscigenação, já que se parte do pressuposto que uma vez pertenente a um grupo, a pessoa é excluído de outros, exatamente como era antes...

Pois é, e para deixar isso mais claro vou parafrasear o grande libertário e defensor dos direitos civis nos EUA, na década de 1960, Martin Luther King Jr. (foto) que questionava:

"Não somos o que deveriamos ser, não somos o que desejamos ser, não somos o que iriamos ser, mas graças a Deus não somos o que eramos."

Precisamos voltar então a ser o que era antes pra que a humanidade tenha um futuro melhor? Ou como ele mesmo defendia a tese que somos apenas seres humanos perante o Criador, e que raça é apenas uma invenção do homem para querer diferenciar a sua ignorância, e jamais na história os grupos humanos separados se tornaram iguais, apenas continuariam desiguais. Algumas décadas depois, o primeiro presidente de origem afro-americana, Barak Obama, tomou posse como mandatário da Casa Branca, com uma política de defesa ampla dos direitos humanos para o conjunto total de cidadãos norte-americanos.

E eu, como paulistano, aprecio a beleza de todas as mulheres brasileiras, idependentemente de origem, principalmente pelas suas partiularidades regionais e culturais, ainda bem!

Saiba mais a respeito em outros textos deste blog aqui, aqui e aqui.

Livros:

COUTO, Mia - Cada homem é uma raça; ed. Nova Fronteira, 1998.

MAGNOLI, Demétrio - Uma gota de sangue: História do pensamento racial; ed. Contexto, 2009.

SERRANO, Carlos & WALDMAN, Maurício - Memória D´África: A temática africana em sala de aula; ed. Cortez, 2008.

Filmes:

Hurricane: O Furacão - EUA/1999; Dir. Norman Jewison; com Denzel Washington.



Os Deuses devem estar loucos - África do Sul/Botsuana, 1980. Dir: Jamie Uys




Memórias Póstumas - Brasil/2001; Dir. André Klotzel; com Reginaldo Faria e Marcos Caruso.



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Mister Ale

domingo, 27 de setembro de 2009

Eloá Vive! Dia Nacional da Doação de Órgãos


Eloá Pimentel, após a tragédia, exemplo de vida. (Foto de José Cordeiro/Ag. O Globo)

Reprodução:

Saiu hoje de manhã essa reportagem à respeito da doação de órgãos. E quem me conhece sabe que além de icentivador, também fui receptor de duas córneas que foram transplantadas em mim a partir da difícil decisão das famílias dos respectivos doadores, mas que hoje me permitem escrever este texto e reproduzir essa notícia abaixo:

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Um ano depois, receptores de órgãos de Eloá dizem que 'começaram a viver'

Preconceito das famílias na hora de doar cai a patamar recorde em SP. Doações feitas por mãe de Eloá incentivaram população.


Thiago Reis, do G1 em São Paulo

Há um ano, após perder de modo trágico a filha Eloá, de apenas 15 anos, Ana Cristina Pimentel teve poucos minutos para tomar uma decisão até então inimaginável em sua vida: doar ou não os órgãos da garota. Eloá Pimentel havia acabado de ser mantida refém e depois assassinada pelo ex-namorado no ABC em um caso acompanhado por quase todo o Brasil. Apesar do abalo, Ana Cristina diz não ter hesitado. “Não tive dúvida. Quando os médicos vieram falar comigo, eu já estava decidida.” Assim como ela, outros parentes têm mostrado, a cada ano que passa, menos preconceito com relação à doação de órgãos. Dados da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO) comprovam a mudança de mentalidade da população.

No primeiro semestre deste ano, apenas uma em cada sete das doações não efetivadas no estado de São Paulo teve como razão a recusa de um parente (índice de 14,4%). É a menor taxa dos últimos dez anos. E é em razão desse novo cenário que os receptores de órgãos da garota Eloá podem hoje comemorar um ano de vitórias após os transplantes.

Lívia Amodio Novais (foto), de 29 anos, ganhou a córnea de Eloá. Ela diz que teve problemas após a cirurgia, mas que agora já sente a melhora. Formada em direito, ela trabalha em um hospital porque ainda não conseguiu fazer o exame da OAB.

“Estou voltando a enxergar agora. Não conseguia ler e, por isso, não dava para estudar para a prova”, conta ela, que planeja se preparar e prestar um concurso público.

Lívia afirma que, mesmo antes de precisar de uma doação, já fazia campanha em casa e na rua. “Eu sempre fui a favor de doar e já convenci pessoas do mesmo, porque a gente nunca sabe o dia de amanhã. Tem que existir essa consciência.”

O mecânico Emerson Gentil Dardes, de 26 anos, esperou três anos por um transplante. O pâncreas e o rim de Eloá acabaram salvando sua vida. "Eu tinha de fazer três sessões de hemodiálise por semana, com horário marcado. Não podia beber muito líquido. Era muito ruim."

Quase um ano depois da cirurgia, ele diz que pode fazer "de tudo". "Dá para sair sem se preocupar com remédios. Marcar uma viagem e não precisar chegar na segunda às 11h para ir ao hospital. Hoje estou 100%."

Já Maria Augusta dos Anjos, de 39 anos, recebeu o coração da garota. E diz que agora pode realizar os sonhos. Ela já faz caminhada no Parque Trianon e exercícios físicos todos os dias. E espera poder andar de bicicleta em breve, o que nunca fez.

“Antes eu não conseguia fazer praticamente nada. Via meus 12 irmãos para lá e para cá e só eu tinha que ficar quietinha. Tentava esconder que era uma pessoa triste. Agora digo que sou muito feliz.”

Antes de receber o órgão, ela teve de se mudar do Pará para São Paulo. Foram dois anos e meio de espera até o chamado. “Como todo mundo nessa situação, ficava apreensiva, achando que podia surgir uma oportunidade a qualquer hora.”

Agora, conta, sente-se mais independente. “Antes eu não saía nunca sozinha porque desmaiava na rua. Estou aprendendo a me virar. Sinto que finalmente comecei a viver."

Para Ana Cristina Pimentel, mãe de Eloá, que mantém contato com Maria Augusta e até com o pai dela, que constantemente liga de longe, a felicidade daquela família a faz ter certeza do ato praticado. “É reconfortante.”

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Treinamento


Para o médico Luiz Augusto Pereira, coordenador da Central de Transplantes de São Paulo, a repercussão de casos como o da garota Eloá e o treinamento de profissionais de saúde para entrevistar os familiares são os maiores responsáveis pelo ótimo indicador de baixa negativa familiar.

“O principal problema ainda é o diagnóstico de morte encefálica. Para os familiares, é de difícil compreensão que uma pessoa que ainda está com o coração batendo esteja morta. Para conversar com os parentes, a pessoa tem que estar muito preparada”, diz.

Segundo ele, em razão disso nos últimos anos foram feitos vários cursos em São Paulo, com simulações de entrevistas com parentes. “A gente ficava repassando o vídeo, apontava os erros e corrigia."

A melhora do índice é evidente: em 1999, mais de uma em cada em três doações (ou 37,9%) deixava de ser feita por causa da recusa das famílias, segundo estatística também referente ao primeiro semestre.

Para o cirurgião Ben-Hur Ferraz Neto, vice-presidente da ABTO, não houve uma mudança cultural, mas, sim, um maior esclarecimento à população. “O medo diminuiu na medida em que o programa de transplantes se mostrou eficaz e transparente”, afirma. Segundo o médico, que também é coordenador do programa de transplantes do hospital Albert Einstein, as pessoas sabem que os órgãos vão para “uma lista única, mediante critérios estabelecidos, sem qualquer influência política ou econômica”. Tanto Pereira quanto Ferraz Neto reforçam a importância de as pessoas conversarem em casa a respeito do tema, já que pesquisas mostram que a quase totalidade aceita doar um órgão, mas boa parte não revela essa intenção à família. Quando o desejo é manifesto, afirmam, a chance de a doação se concretizar é quase total. Neste domingo (27), é comemorado o Dia Nacional da Doação de Órgãos. Não há, no entanto, só motivos para celebrar. Apesar de São Paulo ter avançado no quesito “preconceito familiar”, parte do país não mostra a mesma evolução. No Piauí, por exemplo, a situação é crítica: quase metade das doações não é feita por causa do veto das famílias. Além disso, o número de pessoas que hoje aguardam um órgão no país é alarmente: são 60 mil.


Fonte:
http://g1.globo.com - Todos os direitos reservados
Para saber mais acesse: http://www.abto.org.br/

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Mister Ale

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Hoje é o dia mundial sem carro!


Bom dia!


Ante tamanho congestionamento, poluíção e violência decorrente no transito nas grandes cidades. Vale a pena pensar se realmente o carro é um estilo de vida real e o único meio de transporte decente para a maioria da nossa população.


Eu mesmo fui acordado hoje ao som de buzinas de motoristas impacientes com o congestionamento urbano nesse último dia de inverno, e chuvoso. Pressa, estresse e impaciênia são os resultados de uma lógica que somente privilegia o transporte individual.


Há alternativas frente a essa histeria coletiva e a lógica de estar sempre atrasado pra algum compromisso? Sugiro uma frase para refletirmos aqui:


"A mobilidade do automóvel nos leva em direção à imobilidade" - Leonid S. Sukhorukov


Interessante não?



Mister Ale

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Um bom exemplo para todos nós


Eis a notícia que acabei de ler aqui,

Juiz cego toma posse como desembargador no Paraná

Presidente Lula participou da cerimônia nesta quinta-feira em Curitiba. Ricardo Fonseca atuou por 18 anos no Ministério Público.


O juiz Ricado Tadeu Marques da Fonseca (foto), 50 anos, assumiu, nesta quinta-feira (17/09), o cargo de desembargador do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) da 9ª Região. O evento foi realizado às 19h e faz parte das comemorações dos 33 anos do tribunal, no Centro de Curitiba. Ele é o primeiro juiz cego do Brasil.

Ele foi escolhido por meio de uma lista apresentada pelo TRT, depois de já ter sido barrado no exame médico para uma vaga no TRT de São Paulo, em 1989. Segundo informações da Agência Brasil, ele é casado e pai de duas filhas.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou da cerimônia de posse. “É um momento auspicioso para a democracia brasileira, para o Judiciário, no qual a diversidade é respeitada. É a realização de um sonho de 20 anos”, disse o novo desembargador.


Fonseca disse que está se preparando para desempenhar as novas funções. “Estou montando minha equipe de assessores. Estou sendo muito bem recebido." As páginas de cada processo serão analisadas com o auxílio de assessores, que farão a leitura para que ele possa ouvir e julgar. “Não aprendi braile por ter perdido a visão já na fase adulta.”


“Por causa do nascimento prematuro [seis meses], em São Paulo, tive sequelas, como a baixa visão e paralisia cerebral nos membros inferiores. Apesar de tudo, consegui viver uma infância normal, estudei e brinquei muito nas ruas”, disse Fonseca. Para se preparar para o vestibular, estudou ouvindo as perguntas gravadas e escrevendo as respostas. Ingressou no curso de direito do Largo São Francisco e quando estava no terceiro ano do curso perdeu o pouco da visão que tinha. Ele fez mestrado e doutorado. Em 1991, fez concurso para o Ministério Publico (MP), em São Paulo, e obteve o sexto lugar entre 4,5 mil candidatos. Ele exerceu o cargo de procurador durante 18 anos.

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Comentário: Para quem tem ou teve uma deficiênia física, é fato que a sua limitação jamais o impedirá intelectualmente de exercer função ou cargo de responsabilidade complexa como a de juiz, médico, professor, engenheiro, etc. Salvo as que exigem a apitidão físico-motora para tal, é claro. Porém, o motivo que me trouxe a reproduzir essa notícia é a de que nós costumamos reclamar da vida na maioria das vezes por tão pouco, por pura vaidade ou mesquinhez, não é verdade? Assim, aredito que ao mostrar exemplos como esse, nasça em nossa sociedade uma esperança para que ela se torne mais inclusiva e menos discriminatória, pois para quem é ou está deficiente basta muito pouco para ter plena consciência do direito à cidadania e, prinipalmente, saber desfrutar o real sentido da vida!

Veja algo a mais nesse post que fiz há algum tempo atrás clicando aqui e saiba o porquê disso.

Por isso eu digo e repito a quem quiser ouvir:

"Viva a sua vida com prazer e intensidade todos os dias, como se ela fosse infinita!"

Mister Ale

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

11/09: 8 anos


Estava voltando do trabalho quando cheguei na casa do meu pai e liguei a tv, era por volta das 13 horas e ao ver as Torres Gemeas pegando fogo, troquei de canal pensando que era algum filme novo. Qual não foi minha surpresa ao ver que todos os canais mostravam a mesma coisa, então me dei conta que aquilo era uma transmissão ao vivo! Telefonei para um amigo e ele, do outro lado da linha, me punha a par da gravidade da situação. Passei as horas seguintes grudado à tv vendo tudo aquilo num misto de incredulidade e impotência como milhões de pessoas ao redor do mundo todo.

Em toda a história da humanidade jamais houve algo parecido e depois disso, o mundo mudou pra pior em termos de liberdades individuais e nas relações humanas. Infelizmente essa data estará marcada para sempre na história como o marco inicial da "guerra contra o terrorismo", que até hoje, 8 anos depois, não se encerrou. Um inimigo sem face, sem endereço, sem nacionalidade...

No dia seguinte fui trabalhar e recebi a notícia que havia sido demitido! Pelo menos pude acompanhar depois pela tv mais de perto o trabalho infindável de tantos e tantos bombeiros embaixo dos escombros de um dos maiores símbolos americanos, que juntamente com o Pentágono, sepultaram milhares de sonhos ao levarem tantas vidas humanas da forma mais brutal e desumana jamais vista em todos os tempos.

Que essa data lembre um dia no futuro a todos nós da necessidade de PAZ, UNIÃO e TOLERÂNCIA entre os povos!





ps: Uma outra versão deste mesmo clip foi postada por mim em março e pode ser visto ao clicar aqui.

Mister Ale

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Insrição para a Fuvest termina amanhã!


As inscrições para o vestibular da USP se encerram amanhã. Os candidatos às 10.812 vagas devem acessar até essa sexta-feira, dia 11, o site http://www.fuvest.com.br/ para se inscrever. A taxa, no valor de R$ 100, poderá ser paga até segunda-feira, dia 14.
O Manual do Candidato está online no site da instituição para download gratuito e consulta.
Provas A primeira fase do vestibular, que vai selecionar alunos para a Universidade de São Paulo (USP), Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa e Academia de Polícia Militar do Barro Branco será realizada no dia 22 de novembro. A prova terá cinco horas de duração e 90 questões de múltipla escolha. Os locais de exame serão divulgados dia 16 de novembro. A partir deste ano, a primeira fase deixará de contar pontos na nota final do processo de seleção.
A segunda fase será realizada de 3 a 5 de janeiro de 2010 e os candidatos terão de responder a questões dissertativas de todas as disciplinas. A duração de cada prova será de quatro horas. As provas de habilidades específicas serão feitas nos dias 6, 7 e 8 de janeiro.
A segunda fase também será diferente a partir deste ano. Os candidatos terão questões de todas as disciplinas, e não só as relacionadas à sua carreira. No primeiro dia os alunos farão a redação e dez questões de língua portuguesa; no segundo dia, serão 20 questões interdisciplinares de todas as áreas do ensino médio. No terceiro, serão 12 questões de duas a três disciplinas específicas, de acordo com a carreira escolhida.
Outra mudança é que a Fuvest vai adotar as normas do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. Como previsto, há um período de adaptação, segundo o qual os candidatos poderão optar por seguir, nas provas dissertativas da segunda fase, as novas regras ortográficas ou continuar usando as que estavam em vigor antes do acordo.

Fonte: Estadão

Nota: Você, estudante de escola pública sabia que pode ter um bônus de até 12% na sua nota final no vestibular da USP? Quem fez a inscrição no INCLUSP esse ano já sabe como funciona!

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Outro triste aniversário: 70 anos do início da IIª Guerra Mundial



Corpos de judeus mortos por asfixia em câmara de gás no campo de concentração de Auschwitz¹ na Polônia ocupada, evento conhecido como Holocausto². Autor: Yad Vashem



Luto,

estava hoje à chegar na oficina aonde a Anna (pra quem não sabe, é o nome do meu carro, um Lada 2105 fabricado na Rússia) estava em manutenção, e numa conversa informal com os mecânicos de lá, descobri a falta de tato e desconhecimento em assuntos primordiais em nossa história contemporânea.

O início da 2ª GM se deu em 1° de setembro de 1939 com a invasão do exército nazista no desembarque de navios de guerra no porto de Gdansk, na atual Polônia com ordens expressas de Adolf Hitler (ver primeiro video abaixo do excelente filme alemão "A queda") para a sua anexação ao Reich. Após esse evento, França e Inglaterra declararam guerra à Alemanha e daí iniciou-se a pior guerra da era comtamporânea, aonde ceifaram a vida de 60 milhões de pessoas nos 6 anos subsequentes de conflito.

Voltando à conversa com os mecânicos, contei-lhe sobre a importância do exército vermelho na segunda metade do conflito e a ocupação da frente oriental nos arredores de Berlim e o consequente suicídio do Füher dentro de seu Bunker em 30 de abril de 1945, acarretando o final do conflito na Europa. Tudo isso, pelo fato de meu automóvel ser uma herança da indústria automobilística soviética e, que apesar dos seus problemas mecânicos como qualquer automóvel com mais de 10 anos de uso (e o meu tem quase 20), possui uma robustez impressionante mesmo com as falhas graves no sistema de arrefecimento encontradas pelos mecânicos lá na oficina (ou seja, meu carro andou um tempão sem água para refrigerar o motor). A curiosidade deles era por causa do símbolo da marca, um "L" estilizado em forma de vela de barco, simbolizando a liberdade de ir e vir para qualquer lugar, ou pelo menos dentro do mundo comunista até meados da década 1990, aonde a marca desembarcou na América Latina e quebrou a barreira imposta pela cortina de ferro do mundo bipolar pós-guerra.

Guerra esta que marcou profundamente a história da humanidade, o que parece distante em nosso mundo atual. Porém concluí para eles que o nosso mundo seria bem diferente hoje em caso de vitória Nazista. Um exemplo disso é que o regime de segregação racial seria hoje ainda regra no mundo, isso pode ser visto no filme V de vingança (no segundo trailer abaixo). E nós, brasileiros, mestiços e miscigenados por natureza, seriamos mais uma escória, sub-raça ou raça inferior. Logo a nossa conversa ali simplesmente não existiria, pois nós como descendentes de negros e índios poderiamos ter o mesmo destino dos 6 milhões de judeus que padeceram em campos de concentração por extermínio em massa, pelas doenças ou pela fome.
Ah, no final um dos mecânicos me surpreendeu recomendando que eu assistisse "Operação Valquíria", filme americano lançado em DVD recentemente, cujo trailer pode ser visto clicando aqui.

Já pensou, você, ter no seu RG a sua cor de pele? E como seria essa nossa "sociedade" de raças?

Eu já pensei: A guerra serve apenas para celebrar a morte da raça humana, por meio da sua ignorância em reconhecer que somos no final todos iguais.

"O jardim das delícias terrenas", feito em óleo sob madeira em 1510 pelo pintor renascentista holandês Hieronymus Bosch, um alaude onírico sobre a tríade da criação do mundo, retratando à esquerda o paraíso, no centro o mundo terreno e à direita o inferno. Parece que de 500 anos pra cá nossa visão de mundo mudou bem pouco né?

Clique na imagem para ampliá-la.




Mister Ale













1: O link direciona para um documentário espanhol de 10 minutos sobre os experimentos macrabos cometidos pelo médico nazista Josef Menguele dentro de Auschwitz.

2: O link direciona para o trailer do filme "A lista de Schindler", na minha opinião, o filme que faz o retrato mais marcante sobre os horrores promovidos pelo Holocausto.

obs: Todos os links sublinhados no texto servem para aprofundamento e para melhor entendimento e compreensão dos assuntos abordados.

Um triste aniversário, 5 anos do massacre de Beslan!

Caros leitores,

quando nós professores de geografia falamos sobre as guerras no mundo de hoje e na história, notamos uma atenção especial pelos alunos no que se refere as armas e ao poderio bélico e militar das nações que nelas se envolvem. Porém ao contrário do que muitos pensam, tememos muito em abordar esse assunto ao imaginar o sofrimento humano que isso causa. Talvez nunca tenha falado para vocês sobre a região do Cáucaso, no extremo leste europeu, muito menos sobre a provincia russa da Ossétia do Norte, mas ao ver esse vídeo abaixo não há como ficar insensível ao fato de há exatos 5 anos, um grupo paramilitar separatista vindos de um estado vizinho à essa província, Chechênia, a invadir uma escola na cidade russa de Beslan no primeiro dia letivo do ano de 2004 (lembrando que nos países do hemisfério norte as aulas começam em agosto/setembro e terminam no final de junho) fazendo mais de 1 mil reféns entre professores, alunos e pais e que se encerrou após 3 dias com uma má sucedida operação militar, deixando mais de 300 mortos, em sua maioria, crianças que nada tinham a ver com a guerra promovida pelos adultos.

Uma atitude brutalmente covarde! Me deixa envergonhado por isso acontecer dentro de uma escola, aonde deve-se ensinar apenas a cultura de paz, o humanismo, a solidariedade e a tolerância entre os diferentes povos neste nosso único lar que é o planeta Terra!




ps: Nos links grifados no texto você pode localizar a região citada no Google Maps!


Mister Ale

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Pessoal,



fico muito satisfeito em ter essa audiência durante os últimos 3 meses desde que coloquei esse contador de visitas. A todos vocês, um muito...

O B R I G A D O !




Mister Ale