segunda-feira, 16 de março de 2009

Da água suja para a mal lavada?

Apenas comparem as notícias abaixo:

Tribunal da água condena o Brasil por más práticas

Fonte: Agência EFE

O Governo brasileiro foi condenado hoje simbolicamente pelo Tribunal da Água, uma corte ética dentro do Fórum Mundial da Água realizado em Istambul, por más práticas relacionadas aos recursos hídricos. O júri, presidido pela artista turca Pelin Batu, era formado pelo ex-procurador brasileiro Alexandre Camanho de Assis, pelo economista David Barkin (México), pela advogada Dilek Kurban (Turquia), pela autora Silke Helfrich (Alemanha) e pelo especialista em sustentabilidade Maurits Groen (Holanda) No caso brasileiro, foi levada ao tribunal a construção de duas represas de mais de 250 quilômetros quadrados cada no Rio Madeira, um dos principais afluentes do Rio Amazonas. Estas represas poderiam prejudicar a vida da população indígena, alterar os ciclos fluviais e a biodiversidade, por isso o tribunal lamentou a falta de cuidado do Governo brasileiro. O Tribunal da Água, que foi constituído em Istambul na quinta-feira passada e terminou hoje suas sessões, foi organizado pelo Tribunal Latino-americano da Água, uma ONG costarriquenha, e pela Fundação Heinrich Böll. O 5º Fórum Mundial da Água acontecerá em Istambul na semana que vem e pretende reunir cerca de 20 mil pessoas entre chefes de Estado e de Governo, representantes de empresas e associações, com o objetivo de discutir diferentes temas relacionados à água.


Forum Mundial da Água começa com 17 prisões na Turquia

Fonte: Estadão

A quinta edição do Fórum Mundial da Água, o maior evento desse tipo e celebrado a cada três anos, começou nesta segunda-feira, 16, em Istambul com grande participação de diversas personalidades à sombra, no entanto, da prisão de 17 ativistas contrários à comercialização de recursos hídricos. Segundo a organização, mais de 27.000 delegados de 182 países de registraram no Fórum. Os chefes de Estado, parlamentares, líderes locais, especialistas, representantes de ONGs e empresas debaterão até o próximo domingo, 22, os problemas mais importantes com o objetivo de introduzir a água na agenda política dos dirigentes mundiais na direção marcada pelos Objetivos do Milênio da ONU. "O mundo evolui rapidamente, às vezes de forma brutal, e essas mudanças afetam a água. Cada dia nos faz mais falta água para criar energia para dar de beber às megalopolis e temos que proteger os recursos aquáticos e a biodiversidade", disse Loïc Fauchon, chefe do Conselho Mundial da Água, a instituição privada que organiza o Fórum. O presidente da Turquia, Abdullah Gül, opinou que "ser ecologista já não é uma opinião ideológica" pois, dada a "grave" situação ambiental do planeta, "agora todos devemos ser ecologistas." Gul se reuniu com altos representantes da ONU, da Unesco e da OCDE, assim como com os presidentes do Iraque e do Tajiquistão, com os príncipes da Holanda e de Mônaco, entre outros, com os quais entrou em acordo para um documento em que chama todos os países do mundo a atuar para sanar os problemas que enfrentam com a água. Os críticos afirmam que um Fórum desse tipo não deveria ser organizado por uma instituição privada, mas pelas Nações Unidas, e ainda acusam o Conselho Mundial da Água de ocultar, atrás de uma mensagem "pseudo-ecologista", a intenção de incrementar o papel dos interesses privados na gestão da água. Um total de 17 ativistas turcos foram detidos por protestar contra a comercialização da água e duas mulheres da organização International Rivers foram retiradas da abertura do fórum por tentar abrir um banner contra a construção de barragens.


Conclusão: Parece o sujo falando sobre o mal lavado! Afinal enquanto nosso país é condenado por construir 2 barragens na amazônia, o governo turco reprime manifestantes enquanto constrói 22 novas baragens em seu solo, como na reportagem
aqui. Pelo menos na questão dos direitos humanos, o direito de protesto está garantido em nossa constituíção; já na Turquia, aspirante a uma vaga na União Européia, parece ainda viver momentos de estado de sítio, como na época dos sucessivos golpes militares das décadas de 1960, 70 e 80 em nome da 'tal' laicidade de um estado com população majoritariamente muçulmana.

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